Uma das noticias que mais abalou os mercados nos últimos anos foi a decisão dos britânicos saírem da União Europeia. Esta vontade teve, e continua a ter, um conjunto de impactos bastante alargado na vida financeira do pais, nomeadamente em termos da evolução da cotação da sua moeda. Neste artigo tentaremos perceber melhor o que está envolvido no chamado Brexit (termo utilizado para referir a saída do Reino Unido da União Europeia).
Em 23 de Junho de 2016 todos os britânicos foram chamados às urnas para decidir se desejavam ou não que o seu país continuasse a ser membro da União Europeia. De referir que este não foi o primeiro referendo do género no pais. Já em 1975 tinha sido feita a mesma interrogação aos eleitores britânicos. Nessa altura a permanência na união europeia saiu vencedora com um total de 67%.
O resultado do referendo de 2016 foi considerado uma surpresa generalizada. A maior parte dos partidos políticos apoiavam a permanência na União europeia. As sondagens realizadas também davam uma vitória à manutenção. Apesar disto o resultado final foi bastante disputado acabando por vencer a saída com 51% dos votos contra 48% a favor da permanência. Verificou-se ainda que nas zonas das grandes cidades venceu a permanência na União europeia, tendo sido as zonas rurais do pais que determinaram a saída do Reino Unido da União Europeia.
Um acontecimento com consequências económicas desta magnitude começou a ter efeitos imediatos na cotação da libra. Nomeadamente logo após ser conhecido o resultado o valor da moeda começou a decrescer. Esta queda justifica-se pelo facto do brexit significar, entre muitas outras consequências, que o Reino Unido deixaria de ter acesso directo e privilegiado ao mercado europeu. Assim os britânicos deixariam de poder beneficiar da livre circulação de bens e serviços que vigora na União Europeia. Por outro lado, também os europeus deixariam de vender bens e serviços ao Reino Unido, com a mesma facilidade.
A livre circulação de bens e serviços é um grande factor de valorização de todas as empresas dos países que fazem parte da União Europeia. Isto significa que todas elas podem facilmente aceder a um mercado com milhões de consumidores, sem estar limitados apenas ao país onde estão instaladas. Assim, os seus clientes potenciais são um número muito mais alargado comparando com o número de clientes que a empresa teria se só pudesse operar no seu país.
As empresas que disponibilizam serviços financeiros, nomeadamente os bancos do Reino Unido, também viram a sua actividade ser bastante afectada com este acontecimento. Por estarem num pais historicamente estável e prospero, muitos europeus de diversos países elegiam os bancos ingleses para guardar as suas poupanças e realizar os seus investimentos no mercado bolsista. No entanto, com o brexit, a circulação de capitais também ficará dificultada, pelo que, assistiu-se a uma fuga de capitais generalizada. A instabilidade resultante desta decisão e o facto de ser a primeira vez que um pais o deseja fazer, fez com que os investidores, no geral, tivessem receio do desconhecido e do que poderia vir a suceder.
Após os resultados do referendo terem sido divulgados parece que se criou um certo ambiente de arrependimento. Notou-se que a generalidade da população britânica não estava à espera deste desfecho. Assim, não tardou a haver políticos e abaixo assinados a requerer que o referendo fosse realizado novamente. Argumentou-se que muitos eleitores não estavam devidamente esclarecidos em relação à questão e não tinham conhecimento das reais consequências de um brexit. Ainda hoje em dia, 2 anos depois do referendo, se fala na possibilidade de o repetir. O pântano de incertezas e indefinições que o pais mergulhou assim o justificam. De qualquer forma, do ponto de vista formal, têm sido dados os passos para que o Reino Unido se afaste definitivamente da União Europeia.
A saída do Reino Unido da União Europeia foi um assunto de intenso debate entre a classe política. Em 2016 decidiu-se dar a palavra ao povo para que este decidisse o que pretendia fazer. O resultado do referendo foi bastante renhido e acabou por ganhar a saída do Reino Unido da União Europeia. Esta decisão teve repercussões imediatas nos mercados financeiros que viram esta saída como um factor de instabilidade no pais. Seria a primeira vez, desde a constituição da União Europeia, que um pais decidira sair da mesma. O procedimento envolvido bem como as consequências ainda não totalmente previsíveis, acabaram por prejudicar gravemente a cotação da libra, bem como as empresas britânicas no geral. O sector financeiro foi um dos que viu a sua actividade diminuir bastante. Sendo um sector bastante sensível à estabilidade económica e política, este foi um dos primeiros a sentir consequências mais aprofundadas.