Esta questão tem sido colocada por vários investidores e curiosos do meio. As recentes quedas têm feito surgir a dúvida. Será que estamos perante uma crise nas criptomoedas? Neste artigo tentaremos ver se há motivo para afirmar isso mesmo.
Antes de formar uma opinião convém recordar a evolução recente da cotação das criptomoedas mais populares. O ano de 2017 foi um ano excepcional para estas. Registaram-se valorizações muito elevadas na maior parte das criptomoedas. Isto levou à instalação de um clima de extremo optimismo entre os investidores. Registou-se, inclusivamente, um acréscimo no número de novos investidores a entrar neste mercado. Estava criada a sensação que o valor das criptomoedas só tinham uma tendência: para cima.
As criptomoedas encontram-se num momento de desvalorização face ás cotações do inicio de 2018. Aquela que se destaca é a Bitcoin, sendo a criptomoeda mais popular, todas as restantes têm tendência para seguir o caminho da sua cotação. O facto de se encontrar actualmente com um valor inferior ao do início do ano, não significa forçosamente que exista uma crise nas criptomoedas. As criptomoedas, tais como outros activos dos mercados financeiros, têm flutuações normais. O facto de ter subido tanto e tão depressa durante o ano de 2017, leva a que a cotação tenha alguma “pressão” acumulada, o que justifica a necessidade de a “libertar”.
É verdade que a cotação da Bitcoin desceu já cerca de 50% face ao valor mais alto registado, o que, é uma desvalorização muito significativa. No entanto é necessário comparar esta desvalorização com as variações do mercado em causa. Se o fizermos concluímos que o mercado em causa é extremamente volátil, desceu 50% mas também sobe 50% com igual facilidade. Isto significa que esta desvalorização está dentro da volatilidade existente no mercado. Deste ponto de vista é mais difícil justificar uma crise nas criptomoedas.
Como exemplo, se o valor de uma obrigação cotada em bolsa descer 10% este é um motivo de alarme. No entanto se isso acontecer com a acção de uma empresa, poderá não o ser. O motivo é que no mercado obrigacionista, não é habitual um activo poder descer 10% num dia. Por oposição, o mercado accionista tem mais volatilidade, por isso uma desvalorização desta magnitude não seria alarmante, por si.
O ano de 2018 já se encontra praticamente a meio. Neste primeiro semestre assistiu-se a uma desvalorização generalizada das criptomoedas, com destaque para a Bitcoin. Alguns investidores começam a considerar que o pior já passou e que existem condições para a cotação voltar ás subidas, no segundo semestre de 2018. Apesar de não ser uma certeza, há, de facto, uma grande possibilidade disso acontecer. Não existiu nenhum acontecimento significativo que tenha justificado a suposta crise nas criptomoedas, além de uma simples “libertação de pressão”, devido ás subidas demasiado rápidas de 2017. Esta é uma situação relativamente frequente nos mercados accionistas. Depois de um período de euforia existe um intervalo de tempo no qual a cotação se ajusta e se equilibra para valores médios mais razoáveis. A euforia muitas vezes empurra as cotações dos activos financeiros para valores irrealistas.
A Bitcoin, tal como a maior parte das outras criptmoedas, registou uma desvalorização significativa no primeiro semestre de 2018. Esta desvalorizarão não ficou a dever-se a nenhum motivo estrutural mas sim ao facto de 2017 ter sido um ano especialmente bom, que puxou a cotação “demasiado” para cima. Esta situação criou a necessidade de haver uma correcção e foi o que sucedeu. Assim, para já, não há grandes motivos para considerar que as criptomoedas se encontram em crise.
Por outro lado, a correcção verificada no início deste ano cria espaço para haver uma valorização no segundo semestre de 2018. Alguns investidores aproveitaram esta queda para reforçar posições e adquirir mais criptomoedas a preço de desconto. Há no entanto que ter em conta que esta operação, podendo potenciar os ganhos, também aumenta o risco associado ao investimento. Não há garantias que as criptomoedas possam vir a subir, portanto reforçar um investimento perdedor até ao momento, pode não ser uma estratégia cuidadosa. Será mais cuidadoso, para um investidor que já tenha investimentos neste mercado, aguardar os próximos meses para ver qual a tendência seguida pela cotação, nomeadamente verificar se existe uma inversão de tendência. Depois de o confirmar, então si, poderá equacionar reforçar o investimento. Até lá não deixa de ser o reforço de um investimento perdedor.